Formação do MIR em Mediação da Comunidade-Empresa: Reforço da capacidade das Entidades de Acesso Directo ao GCF para a resolução de queixas em contextos complexos
Após um deslizamento de lama tóxica por uma empresa mineira local, os residentes de Yuso Village no sul da Equatânia apresentaram uma queixa junto do mecanismo de queixas do Banco de Desenvolvimento Regional (RDB). Na sua queixa, os residentes alegaram que a empresa mineira, na qual o RDB detém uma participação de 5%, não tinha cumprido as normas de desempenho do banco. Mais especificamente, alegaram violações dos direitos laborais e das salvaguardas de saúde e segurança e levantaram preocupações quanto ao impacto da mina nos recursos hídricos locais e à ameaça que representa para a biodiversidade local. Os queixosos exigiram que fossem tomadas medidas correctivas e que fossem oferecidas compensações às famílias afectadas. O mecanismo de queixa do RDB determinou que existiam provas aparentes de que as alegações constituiriam um incumprimento das políticas do banco. Com base nesta avaliação inicial, declararam a queixa elegível e abriram um processo de investigação.
Não há necessidade de procurar na Internet se nunca ouviu falar da Equatânia ou do "Banco de Desenvolvimento Regional"! Não é uma lacuna de memória; é simplesmente que também não existe. São ambos fictícios, como é o caso citado acima. Este caso de queixa fictício foi desenvolvido pelo Professor Brian Ganson da Universidade de Stellenbosch e pela mediadora internacional Kate Kopischke, dois líderes mundialmente reconhecidos no estudo dos processos de mediação entre empresas e comunidades. Tem servido como base para uma formação avançada de mediação que os dois peritos têm conduzido para profissionais de todo o mundo. O caso, embora fictício, é inspirado por cenários reais onde as queixas são informadas por conflitos ou tensões históricas, dinâmicas de poder desiguais, e falta de confiança, tornando o diálogo entre as partes extremamente difícil.
No ano passado, como parte do seu mandato de capacitação, o MIRcriou um vídeo animado para dar vida ao caso e encarregou o Prof. Ganson e a Sra. Kopischke de oferecer uma formação de mediação ao pessoal dos mecanismos de queixas organizacionais de GCF's Direct Access Entities. Foram convidadas 14 entidades regionais e nacionais acreditadas, abrangendo a América Latina e as Caraíbas, África, e Ásia e Pacífico. Alguns mediadores da lista de mediadores da MIRtambém se juntaram à formação.
Através de 4 sessões intensivas, os participantes foram apresentados a diferentes estratégias e ferramentas que os mediadores utilizam para explorar a vontade das partes de se envolverem na resolução de litígios, compreender as suas ideias para resolver uma queixa e conceber um processo de mediação num ambiente complexo. O caso Equatania permitiu uma formação imersiva e intelectualmente desafiante. Juntamente com o texto da queixa, os participantes receberam um briefing de fundo apresentando a história do país e da região e foram-lhes atribuídas diferentes funções. Cada um representou uma parte diferente da queixa, desde o CEO da empresa mineira até ao chefe de uma cooperativa agrícola feminina. Foi fornecida informação selectiva aos participantes para reflectir os desafios que os mediadores enfrentam no tratamento de uma disponibilidade desigual de informação. Finalmente, foram realizados exercícios de dramatização para levar os participantes a pensar com empatia sobre as barreiras com que as partes individuais poderiam lidar quando se envolvessem num processo de mediação.
Embora o tempo fosse limitado, a formação foi capaz de promover uma melhor compreensão dos desafios e oportunidades na condução da mediação em contextos complexos. Este conhecimento ajudará os participantes a gerir estrategicamente os casos de reclamação apresentados com os seus respectivos mecanismos.
"A formação proporciona uma lição teórica e prática de uma forma abrangente. Usar um caso muito complexo na Equatânia ajudou-me realmente a obter a perspectiva de um mediador numa situação complexa e deu-me uma nova forma de pensar ao enfrentar tais casos. A formação fornece as ferramentas fundamentais que me ajudarão a mapear o caso em qualquer projecto". - Harni Wijayanti, responsável pelas salvaguardas ambientais e sociais na PT Sarana Multi Infrastruktur (Indonésia)
A formação do pessoal dos mecanismos de reparação de queixas em técnicas de mediação é essencial, considerando que a maioria dos casos submetidos a mecanismos de reparação de queixas e de responsabilização são referidos à resolução de problemas (ou resolução de disputas, dependendo da terminologia utilizada). Através deste processo, é facilitado um diálogo entre as partes da queixa para identificar e acordar acções correctivas que respondam às preocupações dos queixosos. Através desta formação, o MIRestá a desenvolver a capacidade de mecanismos de reparação de queixas em entidades regionais e nacionais acreditadas do Fundo Verde para o Clima, assegurando um maior acesso à reparação para as comunidades afectadas por projectos financiados pelo GCF. O MIRvai realizar uma nova edição desta formação em 2022 para oferecer a oportunidade de se juntar àqueles que não puderam participar em 2021.